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[Teclados mecânicos ergonômicos] · · 4 min de leitura

19 meses com um teclado ergonômico

Prometi uma retrospectiva do meu uso do Moonlander Mark I assim que completasse um ano de uso; mas, com a volta dos “afazeres presenciais”, este texto acabou descendo na minha lista de propriedades. Ironicamente, a decisão de adiar a publicação foi uma boa ideia—tive problemas que valem a pena serem discutidos neste texto.

Durabilidade dos materiais

Mencionei no meu texto anterior que algumas pessoas relataram quebras nas partes móveis do Moonlander Mark I. Não foi o meu caso; a minha unidade continua firme e forte. A única coisa digna de nota é que é necessário reforçar o ângulo de inclinação do cluster do polegar e das extremidades interiores de tantos em tantos meses: com uso intenso, elas perdem um pouco da força e te fazem resgatar a chave da gaveta para apertar as pernas novamente.

Switches

Acabei mudando de switches: retirei os Kailh Silver e instalei os Boba U4. A experiência é interessante: os Boba U4 reproduzem uma sensação tátil muito parecida com a de teclados mecânicos, e eles são tão silenciosos quanto. Usei os mesmos switches para montar o meu teclado de viagem, um Lily58 Pro, e não ouvi reclamações sobre barulho em espaços públicos. Ao contrário dos Kailh Silver, que são lineares, os Boba U4 têm um satisfatório bump que faz com que você tenha a sensação de estar digitando em pequenas almofadas. Eles também são significativamente mais pesados (com molas de 68 gramas), o que funciona como um ótimo deterrente de erros de digitação.

Firmware

Não tive problemas com quebras de funcionalidades que uso nos primeiros 15 meses de uso, mas isso mudou em julho de 2022: o Auto Shift parou de funcionar no Wayland.

Se você não é familiar com os pormenores do funcionamento de Linux, aqui está uma explicação curta e simplificada: Wayland é um protocolo que facilita a comunicação entre o servidor gráfico e seus clientes. Ele tem sido desenvolvido para substituir o X11, que assume funções semelhantes no Linux há décadas. Como muitos aplicativos ainda não são compatíveis com Wayland, criou-se ainda outro protocolo chamado XWayland—um intermediário entre X e Wayland.

Notei que, após atualizar algumas coisas em meu teclado, o Auto Shift falhava em ser engatilhado ou funcionava por pouco tempo em sessões com Wayland. Isso não acontecia em sessões com X11 ou no Windows 10. Posteriormente, descobri que também não acontecia com aplicativos rodando no XWayland. Intrigada, acabei mandando um e-mail para a ZSA procurando ajuda.

A minha correspondência com a ZSA tinha um considerável atraso por causa da diferença entre fusos horários; eu escrevia pela manhã, e eles me respondiam à noite. Após alguns testes, descobrimos que se tratava de uma atualização no firmware fornecido pelo Oryx: Auto Shift funcionava no Wayland no firmware 20.0 e parou de funcionar na versão 21.0!

Drashna, uma figura proeminente na comunidade do QMK, acabou assumindo o meu ticket para gerar um firmware de testes com algumas correções baseado no meu mapa de teclas. Depois de algumas horas de testes com o firmware que ele compilou para mim, descobrimos que ele havia achado uma boa solução! Quando perguntei o que havia acontecido, Drashna me explicou que ele modificou o código para reportar a tecla Shift mais agressivamente ao sistema hospedeiro (isto é, o computador no qual estou usando o teclado).

Ao todo, demoramos 7 dias para chegar em uma solução. O suporte foi excepcional do começo ao fim. Não precisei convencer o suporte da ZSA de que sou uma usuária técnica com uma boa ideia do que está fazendo—eles entenderam em que nível precisávamos conversar desde o meu primeiro e-mail e não hesitaram em responder todas as minhas perguntas.

Camadas

Tenho dois computadores: um MacBook Pro e um computador de mesa rodando Fedora e Windows. Descobri rapidamente na minha adaptação ao macOS que não seria possível uma camada só para todos os sistemas operacionais; acabei criando uma terceira camada que “conserta” algumas teclas não tão compatíveis com Linux e Windows que brilha na cor vermelha e é ativada ao pressionar a tecla End por algum tempo.

Confesso que tentei criar uma camada apenas para a mão esquerda que seria focada apenas em jogos eletrônicos, mas logo aprendi que realmente não gosto de jogar com teclado e mouse. Acabei optando por controles sem fio para suprir essa demanda.

Valeu a pena?

Sem dúvidas! O meu Moonlander Mark I é uma das ferramentas de trabalho mais úteis que tenho. O seu tamanho é adequado para o ambiente em que o deixo; o Lily58 Pro supriu a necessidade de um teclado mais compacto para viagem. Se você está procurando por um teclado split e não quer lidar com o processo de escolher peça por peça, continuo o recomendando enfaticamente. Ele oferece um tempo de garantia razoável (2 anos), um suporte incrível, e muito espaço para experimentação.